Mais uma postagem da série sobre Claro Enigma de Carlos Drummond de Andrade, dessa vez analisando o poema "A Ingaia Ciência". Esta é a quarta postagem da série e já analisamos os dois primeiros poemas do livro, além do título e o nome da primeira parte. Confira a última postagem, do poema "Remissão" no link:
http://verdeviolinista.blogspot.com.br/2017/02/vamos-interpretar-remissao-claro-enigma.html
Na análise os trechos grifados têm seus comentários ao lado da estrofe, enquanto os sublinhados são analisados ao fim destas.
"A Ingaia Ciência"- neste poema Drummond renega a maturidade, que traz consigo a sabedoria, matéria de sofrimento e perda de esperança. Ingaia é um brincadeira com a palavra "gaio" (feliz, alegre) ao adicionar o prefixo "in-" que denota negação. O título faz referência tanto ao livro de Nietzsche (juro que escrevi isso sem olhar) quanto a produção literária do trovadorismo, a chamada gaia ciência; desse modo ele declara que com a idade e a obtenção de sabedoria o mundo passa a apresentar-se com uma visão niilista.
A madureza, essa terrível prenda -madureza= maturidade
que alguém nos dá, raptando-nos, com ela,
todo sabor gratuito de oferenda
sob a glacialidade de uma estela,
Não podemos escolher e nem fugir da maturidade devido a inexorabilidade do tempo. Com a chegada dela perdemos o amor infantil à vida.
a madureza vê, posto que a venda
interrompa a surpresa da janela,
o círculo vazio, onde se estenda,
e que o mundo converte numa cela.
Com a experiência percebemos que somos nada e que disso não podemos fugir; também percebemos que o mundo também é apenas pó, e que fugir desse fato é ainda mais difícil.
Com a experiência percebemos que somos nada e que disso não podemos fugir; também percebemos que o mundo também é apenas pó, e que fugir desse fato é ainda mais difícil.
A madureza sabe o preço exato
dos amores, dos ócios, dos quebrantos,
e nada pode contra sua ciência - "conhecimento e sabedoria"
Perda de ímpeto e do desejo. A ignorância é uma benção.
e nem contra si mesma. O agudo olfato, - nem contra a velhice, o fim
o agudo olhar, a mão, livre de encantos,
se destroem no sonho da existência. - sonho=ideal
Tudo se perde, pois a existência é efêmera.
Espero que essa postagem tenha ajudado e espero que continuem acompanhando essa série, meu único objetivo é ajudar. Não se esqueçam de compartilhar com os amigos e de curtir a página no Facebook!