sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Vamos interpretar A Ingaia Ciência? - Claro Enigma parte 4



Mais uma postagem da série sobre Claro Enigma de Carlos Drummond de Andrade, dessa vez analisando o poema "A Ingaia Ciência". Esta é a quarta postagem da série e já analisamos os dois primeiros poemas do livro, além do título e o nome da primeira parte. Confira a última postagem, do poema "Remissão" no link: 

http://verdeviolinista.blogspot.com.br/2017/02/vamos-interpretar-remissao-claro-enigma.html


Na análise os trechos grifados têm seus comentários ao lado da estrofe, enquanto os sublinhados são analisados ao fim destas.

"A Ingaia Ciência"- neste poema Drummond renega a maturidade, que traz consigo a sabedoria, matéria de sofrimento e perda de esperança. Ingaia é um brincadeira com a palavra "gaio" (feliz, alegre) ao adicionar o prefixo "in-" que denota negação. O título faz referência tanto ao  livro de Nietzsche (juro que escrevi isso sem olhar) quanto a produção literária do trovadorismo, a chamada gaia ciência; desse modo ele declara que com a idade e a obtenção de sabedoria o mundo passa a apresentar-se com uma visão niilista.




A madureza, essa terrível prenda -madureza= maturidade
que alguém nos dá, raptando-nos, com ela,
todo sabor gratuito de oferenda
sob a glacialidade de uma estela,

Não podemos escolher e nem fugir da maturidade devido a inexorabilidade do tempo. Com a chegada dela perdemos o amor infantil à vida.

a madureza vê, posto que a venda
interrompa a surpresa da janela,
o círculo vazio, onde se estenda,
e que o mundo converte numa cela.

Com a experiência percebemos que somos nada e que disso não podemos fugir; também percebemos que o mundo também é apenas pó, e que fugir desse fato é ainda mais difícil.

A madureza sabe o preço exato
dos amores, dos ócios, dos quebrantos,
e nada pode contra sua ciência - "conhecimento e sabedoria"

Perda de ímpeto e do desejo. A ignorância é uma benção.

e nem contra si mesma. O agudo olfato, - nem contra a velhice, o fim
o agudo olhar, a mão, livre de encantos,
se destroem no sonho da existência. - sonho=ideal

Tudo se perde, pois a existência é efêmera.


Espero que essa postagem tenha ajudado e espero que continuem acompanhando essa série, meu único objetivo é ajudar. Não se esqueçam de compartilhar com os amigos e de curtir a página no Facebook!

12 comentários:

  1. The Village Blacksmith
    Henry Wadsworth Longfellow

    Under a spreading chestnut-tree
    The village smithy stands;
    The smith, a mighty man is he,
    With large and sinewy hands;
    And the muscles of his brawny arms
    Are strong as iron bands.

    His hair is crisp, and black, and long,
    His face is like the tan;
    His brow is wet with honest sweat,
    He earns whate'er he can,
    And looks the whole world in the face,
    For he owes not any man.

    Week in, week out, from morn till night,
    You can hear his bellows blow;
    You can hear him swing his heavy sledge,
    With measured beat and slow,
    Like a sexton ringing the village bell,
    When the evening sun is low.

    And children coming home from school
    Look in at the open door;
    They love to see the flaming forge,
    And hear the bellows roar,
    And catch the burning sparks that fly
    Like chaff from a threshing-floor.

    He goes on Sunday to the church,
    And sits among his boys;
    He hears the parson pray and preach,
    He hears his daughter's voice,
    Singing in the village choir,
    And it makes his heart rejoice.

    It sounds to him like her mother's voice,
    Singing in Paradise!
    He needs must think of her once more,
    How in the grave she lies;
    And with his hard, rough hand he wipes
    A tear out of his eyes.

    Toiling,--rejoicing,--sorrowing,
    Onward through life he goes;
    Each morning sees some task begin,
    Each evening sees it close
    Something attempted, something done,
    Has earned a night's repose.

    Thanks, thanks to thee, my worthy friend,
    For the lesson thou hast taught!
    Thus at the flaming forge of life
    Our fortunes must be wrought;
    Thus on its sounding anvil shaped
    Each burning deed and thought.

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  2. Realmente encontrar seu blog hoje e ver essa maravilhosa interpretação sobre o poema me tranquilizou frente a um livro tão difícil para mim. Seu trabalho ficou muito bom e agradeço muito por me ajudar a compreender mais essa obra.

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  3. Seu trabalho é fascinante! De longe, as melhores análises que encontrei online. Obrigado!

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    1. Muito obrigado pelas palavras gentis! O blog está bastante abandonado, mas se quiser continuar a acompanhar meu trabalho estou no YouTube como "Tem que ter livro no nome?"

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  4. Respostas
    1. Fico feliz de saber que ajudei! Se quiser continuar a acompanhar meu trabalho estou no YouTube como Tem que ter livro no nome?

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  5. Suas análises dos poemas de Claro Enigma me ajudaram de uma maneira imensa. Muito obrigado mesmo! Uma pena que acabou neste poema...

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  6. Poxa, vlw mesmo, amigo! Tem noção de quantas pessoas você pode ter ajudado ? Isso deve ser gratificante demais haha parabéns pela iniciativa.

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  7. As suas análises são muito boas. Continua a análise do Claro Enigma, por favor?

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  8. Amei sua interpretação, muito pertinente. Mas, na minha opinião, você poderia enfatizar mais o niilismo dos tempos modernos. Pois em uma sociedade pós-guerra a ciência, predominante na época, revela seu aspecto mais cruel; o fim da "criação", dos sentimentos realça a parte ruim do homem: o puro ceticismo científico.

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  9. Caiu na prova da SEDU ES! As questões abordaram os significados de "ingaia" e de "matureza". Achei difícil...

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