sábado, 25 de julho de 2015

Os Arcobotantes, os Contrafortes e os Pilares da Terra- Parte 2

Considerações sobre arquitetura e background




Por se tratar da história da construção de uma catedral, "Os Pilares da Terra" tem a arquitetura como um forte elemento no livro, que em certos momentos direciona a narrativa. Apesar das arquitetura românica (inicialmente) e gótica (posteriormente) serem as mais recorrentes, existem trechos em que a arquitetura árabe e normanda também se fazem presentes. Ter um mínimo de conhecimento da 4ª arte ajude muito na melhor visualização do ambiente, princialmente nos momentos em que Tom e Jack falam sobre os projetos. Mas não tema, aqui vai um pequeno guia que pode ser de grande serventia para quer tiver a vontade de ler o livro.


Arcobotantes e Contrafortes

Os contrafortes são reforços de muralhas ou muros constituídos por um pilar de alvenaria tanto na parte externa quanto na parte interna de uma parede e são muito comuns na arquitetura românica, caracterizada pela robusteza. Tem como objetivo sustentar uma abóbada, terraço ou  outros esforços que possam fazer ceder a parede. Na arquitetura gótica ainda existe um outro tipo de contraforte, composto por botaréu e arcobotante.                                                                                                                                                  O arcobotante já era usado na arquitetura românica (principalmente em conjunto do contraforte para sustentação de abóbadas), porém em escala infinitamente menor que na arquitetura gótica. É uma construção em forma de meio arco erguida principalmente na parte exterior dos edifícios para distribuir o peso das paredes e colunas. Os arcobotantes permitiram que as edificações ganhassem altura e a aparência de leveza da arquitetura gótica.


O Método de Construção das Catedrais

As catedrais, tanto românicas quanto góticas, eram construídas em formato de cruz e dividas em: Naves, Colaterais, Frontispício, Transepto, Coro, Sacristia e os Portões Norte e Sul.

A Nave é o espaço interno do templo onde os fiéis se reúnem para assistirem o serviço religioso. As Colaterais ou Naves Laterais são os espaços ao lado da Nave Central, geralmente separadas por pilares e arcos. O Frontispício é a entrada da catedral e se encontra na base da cruz, e o Transepto é o que dá à catedral sua forma de cruz atravessando o Coro. O Coro é onde se encontra o Altar-mor e é destinada ao clero durante o serviço religioso. A Sacristia é uma construção anexa a Igreja onde os sacerdotes se paramentam para realizarem as missas. Por sempre serem construídas com o Frontispício voltado para Oeste os Portões laterais são chamados de Norte e Sul.


Sobre o plano de fundo

Mesmo a guerra civil sendo importante e em muitos momentos ser o acontecimento que move a história, ela quase nunca é vista de forma direta. Estêvão mesmo aparece no máximo umas seis vezes. Em um livro de mais de 800 pág. Matilda, então, só aparece uma vez! O foco do livro não é quem vai vencer e quem vai perder a guerra civil, e sim se a catedral vai ser completada ou não. Quando alguns personagens discutem sobre alianças políticas e encontros com os aspirantes a rei isso está relacionado a construção em Kingsbridge, não na conclusão do conflito.


Sobre a Minissérie

Agora chegamos a parte mais importante do post! A minissérie da Starz começa com uma abertura de arrepiar, mas tudo que é bom na série acaba aí...




Infelizmente parece que o YouTube não permite que a abertura seja reproduzida, mas permite que todo o primeiro episódio seja. Então quem quiser tirar suas próprias conclusões já tem a chance


Todo o roteiro da série é corrido, de modo que o início do último episódio seja um acontecimento da metade do livro, e não convence. O diretor insiste em introduzir a cada cinco minutos cenas de luta inexistentes na obra original, desnecessárias e que não empolgam em detrimento de um melhor desenvolvimento dos personagens. Outro aspecto que não seria negativo se tivesse sido bem trabalhado é fazer de Estêvão e Matilde personagens "principais", seus dramas pessoais acabam tomando o tempo de tela de personagens secundários importantes como Martha e Alfred, os filhos de Tom. A fotografia é no máximo genérica e não passa toda a situação delicada que as personagens estão vivendo. A ambientação é muito boa, apesar de existirem alguns momentos em que a única coisa que consego pensar é "Em Busca do Cálice Sagrado" do Monthy Phyton. Em âmbito de atuações não há nada do que reclamar, exceto David Oakes que em vez de nos fazer sentir ódio de William Hamleigh por este ser vil e malévolo, nos faz odiar Hamleigh por sempre estar com uma cara de cheira-peido e agir como uma criancinha babaca que tem medo do Inferno; Eddie Redmayne está ótimo como sempre, assim como Hayley Atwell e Donald Sutherland.
Com toda a certeza seria uma adaptação muito melhor se em vez de oito capítulos fosse uma série de três partes (sendo cada uma para cada parte do livro).




E aí ficou interessado? Leu o livro? Viu a minissérie? Teve paciência de ver o post até o final? Comente aqui embaixo! E não se esqueça de curtir nossa fanpage no Facebook! 






Um comentário:

  1. Muito interessante; nunca vi a série mas o livro está na minha lista de "Quero Ler"... o que aguçou mais minha vontade foi as explicações arquitetônicas que você postou, que rico em cultura e conhecimento geral. Mais uma vez segue minha admiração.

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